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Sagitarianas

Ela convidou-me para um vinho. Dessa vez eu precisava aceitar, queria aquele momento. Mas junto disto o medo de tudo que o meu corpo produzia somente por pensar nela. A princípio me considero heterossexual pelo fato de ter me relacionado apenas com homens até o momento, mas algo ou tudo nas mulheres simplesmente me fascina. Fim de tarde e chegada a hora da minha “ amiga ” vir até a minha casa para tomarmos o tão esperado vinho. Escuto a campainha e vou atendê-la, em trajes comuns, pois me sinto muito a vontade na sua companhia. Nós cumprimentamos cordialmente, ela senta-se na cadeira do balcão, ao fundo toca Chico Buarque, pego duas taças, gelo, abro a garrafa para servi-la. A nossa conversa flui naturalmente, falávamos de tudo, inclusive sexo. Ela contava das suas experiências e como para ela mulheres tinham muito mais capacidade de fazer cada segundo do que viviam de forma mais intensa. Gosto do poder que o vinho tem, descer suave, de aquecer numa fração de segundos e e

Quando você está distante sinto....

A presença de não estar A companhia nem de si mesmo A plenitude da banda A alma contida A sensibilidade insossa O luar prata sem rio O abraço apertado da escuridão A infância sem amigos O afeto do pai ausente A maré que vaza O barco longe do cais Autora: Layce Barbosa

Desabafos em um papel de cigarro

Vivendo uma nova fase de minha vida começo na procura de um apartamento novo, já visitei alguns, mas nenhum me fez sentir algo que me pedisse para ficar. Hoje fui olhar um na zona sul, 10° andar. Gostei muito do apê, na varanda tinham alguns materiais  da reforma. Sento para apreciar a vista e me surpreendo ao ver algo enfiado no buraco de um dos tijolos que estavam ali. Ao abrir vejo um papel que antes embalava um maço  de cigarro e nele estas confissões: Espero te o dia inteiro me componho e recomponho. Meu marido saiu, temos que aproveitar. Tu apareces ao fim da noite, tens pouco tempo, não mais que a queima de um cigarro. Da porta aos tapas e arranhões vou te despedindo. Solvo teu membro, minhas vestimentas não interessam mais. Não ligo para tuas explicações, te sinto duro, tenso e meu. Me afogo em sussurros e prazer. Apoio a cama para que os vizinhos não ouçam. Eu me desmancho, qual as cinzas ganhando o ar, vou aos céus. Ele pode chegar a qualquer momento. A minha hora se dis

Carcereira

Você tem as iscas certas para me atrair O teu não é aprovação que meu instinto tem para te desafiar Em teu quarto sou cativo, por vontade teu prisioneiro Teus cheiros são as correntes que me aprisionam, das narinas ao pé da casa O cigarro, as mordaças para as minhas desculpas falhas Seus lábios, o isolamento acústico de meus gemidos vorazes Tuas pernas, as travas indecifráveis do meu querer ficar. Autora: Layce Barbosa