Minha solidão

Espero todos saírem, quero caminhar, não estou triste hoje, é que costumo caminhar quando estou assim, mas também quando feliz. As luzes do prédio vão se apagando pouco a pouco restando somente a minha.
Na reserva de minha sala, me encontro olhando a floresta pela janela de vidro. O prédio do meu trabalho fica afastado da cidade, longe o suficiente para neste caminho vislumbrar um trilhão de coisas, que jamais poderão ser descritas aqui, muitas coisas, tantas coisas e além das coisas, tudo o que elas me causam, tudo o que faz meu corpo reagir.
As luzes afastadas da cidade começam a acender, e colorir a noite que se adentra.
Aprendi que minha companhia sempre será a melhor que existe, aprendi a amar cada segundo, a respeitar meu corpo, minha mente. Algumas pessoas acham que solidão é estar só, mas pelo contrário, solidão é estar rodeado de pessoas e continuar se sentindo só.
Depois de lentamente caminhar até minha casa, pude sentir o aconchego de tirar cada peça de roupa, da calça ao sutiã que me apertou durante a tarde inteira.
Ando nua pela casa, me sirvo um vinho, degusto docemente cada gole, prendo o cabelo lá no alto com um coque mal feito, ligo o som e a música a tocar era "Paciência" de Lenine, da minha playlist está entre as preferidas.
Fui calmamente organizando coisas que estavam fora do lugar, que na correria do dia a dia foram sendo esquecidas pelo caminho. Vou pro banho, ligo o chuveiro, a água por sorte está muito gelada, vai ajudar a esfriar meu corpo, ela cai sobre minha pele, resfriando cada centímetro de minha derme.  Minha mão envolvida ao sabonete percorre meu corpo, logo minha fenda, e me surpreendo por todo o calor ali concentrado. Arrepio pelo toque e pela água, paro, não posso me provocar a este nível, estou cansada e não daria conta de me satisfazer como eu gostaria hoje. Saio do banheiro sem toalha, mais uma vez à esqueci e talvez até goste disso, sair do banheiro caminhando molhada pela casa, sentindo o vento secar cada gotinha do meu corpo. 
 Deito ainda molhada na cama, ligo o ar condicionado, checo as mensagens no celular e volto a tomar meu vinho e escutar minhas músicas.
Há quem diga que é ruim morar só, eu digo que existem suas singularidades, vantagens, e pouco posso citar desvantagens.
É ter tempo para ler, escrever, dançar nua pela casa, cozinhar sua comida preferida, é poder descobrir cada pedaço de seu corpo, é ser livre, é poder voar. Então por enquanto ouso dizer que amo minha solidão.

Autora: Layce Barbosa 

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