Desdém


Aquela alavanca de não mais que vinte centímetros, levemente inclinada, meio torta, meio curva; agredia com força e tesão as paredes da minha casa, e por dentro uma reação incontida me fazia chorar de alegria, via minhas partes transbordar em gozo, em água meio viscosa, meio densa, que parecia um licor e como tal ele bebia. No meio daquela cena selvagem e perfeita, ele parava, percebia minha explosão através dos meus gritos, como se desprezasse toda minha aflição, cravava seu membro com força dentro de mim e paralisava-se.

Sutilmente com a mão esquerda embolava meus cabelos em duas voltas, segurava firme e certificava-se de que o nó estava bem feito, acho que ele temia minha fuga, estava presa tanto por cima, quanto por baixo, eu de quatro, escalada, arreganhada, entregue a ele. 

Existia uma linha imaginária que iniciava no nó do meu cabelo nas mãos dele e percorria minha espinha dorsal, chegava ao meu rego e se encontrava com o membro dele dentro de mim. Aquela linha era nosso eixo de gravidade, e alí ele fazia de mim o que queria, tal qual um amortecedor de carro ele ia dosando com força, jeito e os socos que dava dentro de mim.

Como se pretendesse prolongar o coito, meu carrasco com a mão direita apanha uma carteira de cigarro, com maestria e perícia aciona o isqueiro e eu ouço o estourar de duas bolinhas "click click", naquela hora de costas só me restava imaginar o cigarro aceso e o tragar dele. 

Embora imóvel, eu me permito inclinar meu pescoço por cima dos ombros, ele me sorrir levemente, meio debochado meio contente espalha fumaça pelo quarto. Na verdade, naquele instante eu quem estava contente. Naquele momento eu me excitava com tudo. 

O cheiro da fumaça exalava pelo quarto e entrava em mim, parecia uma nuvem em que eu espontaneamente me fazia chover por dentro, a cara de 'desdém' dele parecia ignorar meu terceiro gozo; de verdade, eu adorava aquela carinha safada. Aquele repouso todo não dura mais que trinta segundos; o tempo de duas ou três tragadas. Enquanto espero, tento tragar o pênis dentro de mim, como se as paredes da minha buceta fossem minha boca e o gozo fosse a saliva vaginal. Dentro de mim tudo jorrava, na tentativa frenética de fazer escorregar ele pra dentro de mim cada vez mais, eu me sentia não ter fundo, queria que todo o corpo dele entrasse em mim.

Sinto fagulhas de cinzas em minhas costas, sinto suavemente me queimarem a pele, mas não me permito reclamar. Percebo ele retirar suavemente o cacete milímetro a milímetro escorregar pra fora de mim em câmera lenta, penso que ele vai desistir de esfregar-se dentro de mim, sou acometida por uma fração de segundo com o sentimento de frustração, mas ainda faltavam dois centímetros pra sair, quando de repente, a alegria me toma através de uma enfiada brusca, voraz e certeira, me trazendo a certeza daquele macho dentro de mim novamente.

 Voltamos tudo!  novamente, minha casa em festa ficou, a chuva em mim era transbordante e nós nos embriagávamos com aquele licor.

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